Com a frota de veículos cada vez mais envelhecida no Brasil — 65% dos automóveis em circulação têm mais de 10 anos, segundo a Sindipeças — cresce a necessidade por peças de reposição e serviços de manutenção. Esse cenário tem impulsionado uma transformação silenciosa, mas decisiva: a digitalização do mercado de autopeças.
Enquanto a venda de veículos novos apresenta oscilações, o mercado de reposição se consolida como estratégico. Um levantamento da McKinsey & Company estima que o aftermarket automotivo pode movimentar até US$ 25 bilhões no Brasil até 2040. Entre os principais motores desse crescimento estão a diversificação dos tipos de peças comercializadas e a modernização da forma como essas peças chegam ao consumidor final — especialmente por canais digitais.
Original, genuína ou genérica: o que diferencia cada tipo de peça?
O aumento da variedade de peças disponíveis online é uma resposta direta à complexidade do parque veicular atual. Hoje, oficinas e consumidores finais encontram três principais categorias:
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Peças genuínas: produzidas pelo próprio fabricante do veículo ou por fornecedores contratados por ele, são distribuídas por meio das concessionárias da marca.
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Peças originais: também fabricadas por fornecedores do fabricante original, mas vendidas por distribuidores independentes, fora da rede de concessionárias.
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Peças genéricas: fabricadas por empresas que não produzem para montadoras, mas que oferecem compatibilidade com diversos modelos. São mais acessíveis, embora com maior variação de qualidade entre os fabricantes.
Essa ampliação do portfólio de peças tem papel central para oficinas e lojistas que precisam atender rapidamente a demandas diversas. Segundo a McKinsey, itens como freios, baterias, radiadores e velas concentram boa parte da receita do setor, estimada em R$ 38 bilhões no Brasil.
Transformação digital: do catálogo ao consumidor final
Com mais peças e fornecedores no jogo, a digitalização tornou-se um diferencial competitivo. Distribuidores e fabricantes que ainda operam apenas com pedidos manuais ou canais físicos enfrentam desafios para manter agilidade, visibilidade de estoque e atualização de preços em tempo real.
Para resolver esses gargalos, empresas têm adotado soluções como catálogos digitais — que organizam dados técnicos, compatibilidades e imagens de produto — e plataformas que integram esses catálogos aos principais marketplaces. Isso permite uma gestão mais eficiente da cadeia e, ao mesmo tempo, facilita a jornada de compra de oficinas e consumidores, que podem comparar produtos, verificar aplicações e concluir pedidos com poucos cliques.
Venda indireta: mais alcance para distribuidores e fabricantes
Um dos modelos que mais ganha tração no setor é o da loja multiseller em marketplaces como o Mercado Livre — o maior da América Latina em peças automotivas. Nessa estratégia, o fabricante estrutura um catálogo digital e compartilha com seus distribuidores, que então vendem diretamente ao consumidor final. A marca mantém o controle sobre as informações dos produtos e amplia sua presença digital sem concorrer diretamente com os parceiros.
Esse tipo de sinergia já tem mostrado resultados positivos. Fabricantes como Bosch, BMW e Renault utilizam esse modelo em parceria com a Alephee para manter lojas oficiais no marketplace, com crescimento consistente em visibilidade e vendas.
Ganhos para quem compra e para quem vende
Do lado do consumidor final, a transformação digital se traduz em acesso mais rápido às peças certas, com mais opções de preço e especificações técnicas confiáveis. Oficinas ganham agilidade no atendimento e reduzem o tempo de espera por componentes. Já distribuidores e fabricantes conseguem escalar vendas com menos fricção operacional.
Ao integrar catálogo, logística e ponto de venda online, o setor de autopeças dá um passo importante rumo a um modelo mais eficiente, conectado e responsivo às necessidades do mercado.